É vazio, o sentimento de estar dando círculos e círculos, não saindo do lugar, é vazio, o sentimento de dar passos inconsistentes, é vazio, o sentimento de não conseguir mostrar mais para si, de não fazer aquilo que espera, de deixar os dias passarem e as horas correrem, mas nada mudar, as histórias se repetem, os contos se refazem e se desfazem, as alianças formadas e as alianças quebradas, passos iguais, passos vazios, frios, amargos na boca, fel no estômago, é vazio por aqui. Eu queria poder dizer mais, e como já cantei, queria mais de mim, muito mais, mas este ciclo, cíclico, círculo, infinito, vácuo esquecido, engole-me como um buraco negro, e me encontro nesta maldita forma finita.
Sinto que estou errando comigo mesma, auto mutilando, sinto a corda no pescoço e o banco bambeando, estes são os sentimentos mais vazios que sinto de vez em quando, como os tic-tacs tilintando, me lembrando, uma hora o tempo cessa e quem segurará seu pranto? Não importa o tempo que temos, temos mais do que precisamos, mas são essas voltas e voltas perdidas que adoece o campo e empobrece a alma. Em tempos de guerra não há descanso, e quando a guerra é interna, não há nem mesmo silêncio, ruídos que instigam a pensar todo o tempo, e quando não acerta um tiro sequer, a incapacidade corrói por dentro, a ideia de querer, mas nada fazer. É ruim, eu sei, mas foi o que senti neste dia sem fim, a tristeza de me enxergar, e querer muito mais de mim.
Por Luiza