O solo abraça minha alma, dançando com o ritmo do vento, aquieta-me aos poucos, e quando percebo sou só eu, nada fica, nem mesmo a disritmia do tempo. Não há nada mais que se possa querer quando está em silêncio, na companhia de si mesmo, admirando a vida e raciocinando com a verdade, não há nada que se aproxime tanto da paz eterna do que contemplar a solidão, sem dores, sem temores, e transformá-la em solitude. Por isso aquieta-te também, ouça os pássaros, o quebrar das ondas, o chiado do vento, como tudo se entrelaça e se unifica, o bailar das árvores e o desabrochar das flores, novos frutos e novas cores, o soar da eternidade que palpita no imo, a voz do anjo que clama com tanta clareza, mas quem escuta?
São muitos ruídos, muitos medos, quem somos depois da curva, do que tens tanto receio? Podemos ir para longe de nós mesmos, buscar refúgio para lá das montanhas, querer abraço onde nunca se encontrou, mas no fim disso tudo há apenas uma tez, e um único olhar sobre as águas transparecerá quem és, portanto, não fuja, pois é sabido que quem foge são os covardes, apenas se for o tal, então realmente, condiz fugir do silêncio, da voz do vento, e de si, porque tem medo de seu reflexo e qual história ele poderá lhe contar. Bom, eu gosto da solitude, até mesmo quando, às vezes, vem acompanhada da solidão, é bom sentir que mesmo o pranto traz completude, e que não há ninguém por ti, a não ser você e o firmamento.
Por Luiza Campos
Tema sugerido por Michele