Uma vida rasa onde não há água suficiente para que se possa espelhar a profundidade do coração. Como mergulhar no interior da alma se ela anda na beira, sem eira na espreita? Nem os pés consegue umedecer, ficando seca. Onde estão as ondas que trazem frescor a alma, onde se encontra o cais que acalma? Ouço apenas os ruídos do caos, e os gritos dos cacos que estilhaçam e cortam, que enforcam deixando a si mesmo morrer. Uma vida rasa que atrasa que é traça que come a veste que impede a alma de ser. Teria tudo para sobreviver, além do que se vive assim de forma tão rasa. Onde fostes deixar tua casa? Porque o teu casulo virou casca que gruda e impregna num lugar qualquer deste mundo, e a sopa que torna é tão pouca que não se transforma em gota, muito menos em borboleta, mas que evapora, que some que perde sua glória, que não consegue ficar, nem fazer história, apenas se enrola como bicho da seda porém não consegue se proteger.
A vida é rasa quando não se aprofunda na vida em descobrir qual é a saída, mas que fica envolvida com a areia deitada na beira banhada pelas ondas que vem e que vão, um mundo de cão que não consegue fazer profundo um coração, não o deixa sair deste chão, o prende a ilusão e ainda o esconde na própria escuridão.
Quiçá pudesse enxergar que a profundidade está no olhar daquele que busca profundidade em ser, que não quer se aparecer apenas viver sem ter que morrer.
Patrícia Campos 🌺
Tem Arthur


