Ficou ali, quieta, dentro de seu casulo, de fato parecia uma proteção, mas não era a sua casa. Uma hora sairia dali e voaria pelo céu sem se preocupar com o que deixou para trás, aquela casca a qual lhe protegeu por um pouco período de tempo. Há alguma borboleta que não queira sair do casulo? Se for para metaforar eu respondo que sim, porque muitos não querem sair do casulo deste pó, se sentem protegidos por algo que não protege, que a qualquer momento cai como folha seca. Casulo não é casa, oh! Borboleta inconstante, casulo não é casa! A alma se torna casa de habitação, ela que pode se auto proteger de qualquer ilusão. O que é do pó se deita e se acomoda, mas aquele que busca voar não se importa de seu casulo deixar, porque ele não faz parte daquele que busca a liberdade, dentro dele se torna sopa até dissolver tudo aquilo que não lhe pertence. No princípio a lagarta, depois, se aparta, quando dela se farta, então busca ter asas até que se torne casa. Casulo não é casa, é casca de lagarta, que te arrasta, e te afasta, que te abraça e te enlaça em farsa. A metamorfose acontece na alma que se desprende do casulo, que voa longe deste mundo, dos enganos do subúrbio, destes gritos absurdos, onde prende a sua alma neste seu casulo sujo.
Patrícia Campos
Tema Luiza