Chove lá fora

Chove lá fora e as goteiras do meu telhado entoam uma linda canção em meus ouvidos, ela canta o som das águas e eu distingo o fruto do bem e do mal. Elas seguem o ritmo das batidas do meu coração como num compasso harmonioso e ouço as palavras que descem do céu e umedecem a minha alma sedenta. Faz frio lá fora, mas a minha lareira do amor aquece a minha alma. A minha sala não é muito ampla, mas cabe todos os meus irmãos do coração, tenho lenha o suficiente para acender a minha lareira e passar este inverno gelado. As brasas da minha alma esquentam os corações frios e a música enobrece quem as ouve. E assim eu vou levando a minha vida neste mundo em meio ao caos da Terra, não saio muito de casa para não pegar as pragas apocalípticas, vejo os raios do céu anunciando a vinda do Senhor, os clarins dos anjos anunciando a sua chegada. Já tocou o meu coração e eu estou anunciando o evangelho do reino, depois disso virá o fim. Já estou sentindo a alegria no céu, são os meus irmãos eufóricos com a minha chegada e estou concluindo a fase deste mundo atravessando este deserto como eles, que um dia também passaram por aqui. Parece que foi ontem e já chegou a minha vez, não posso conter a minha ansiedade, já estou aqui há um longo tempo, mas estou a um passo da minha liberdade. Mais um pouco e é chegada a hora, o meu rebento eterno, então manifestarei toda glória que um dia o Pai prometeu, verei como sou no espírito e todos meus irmãos também. Correrei pelos campos celestes junto às minhas irmãs, Rebeca, Sara e Rute e os dias serão sempre manhãs. Conversarei com nosso irmão Paulo e contarei o quanto eu o admiro, pois com excelência ele doutrinava, ensinando o evangelho de Cristo, e o nosso irmão Abraão, tão respeitado por sua obediência, um exemplo de conduta, de como deve ser toda consciência. Abraçarei nosso irmão Jesus que na Terra nunca foi entendido, até forjaram sua morte carnal numa cruz e não compreenderam que ele representava o espírito. Verei nosso Pai face a face com muita alegria no coração, por nunca recolher o Seu braço e ter me mostrado tudo sobre a nossa razão. Meu peito parece saltar, como um filho prestes a nascer, quero logo chegar ao meu eterno lar e ver a luz perpétua resplandecer. A euforia borbulha dos dois lados, de lá para cá e de cá para lá do infinito e a chuva lá fora sossega minha alma e acalma esse coração aflito.

Somando nossas luzes

Por Zeca e Michele