Como curar alguém quando se está doente? Não há palavras que façam recuperar se eu mesma não estou sã. As palavras se tornam infrutíferas, é como atirar para frente e acertar o próprio peito. Um declínio infinito, os pés que andam, mas não saem do lugar. Um looping eterno, estagnado. A tristeza que dança nos átrios, sozinha porque não quero ser seu par. Me recuso a ficar no lugar onde não me pertence, queria ter o poder da cura para primeiramente curar a mim e depois tivesse valia as águas que distribuo gratuitamente. Muitas delas não lavam, mas me sujo porque são jorradas impensadamente, que ao invés de ajudar atrapalham, ao invés de levantar, derrubo, porque não sei usar das palavras corretas para edificar uma alma. Os dias passam lentamente e as coisas permanecem no mesmo lugar. Eu sonho em ser melhor busco esta realização, mas ao mesmo tempo minhas ações são contrárias aos meus desejos. As espadas são afiadas e sua lâmina passa pela minha garganta, eu não só aceito como concordo com a verdade mesmo que ela seja dolorosa, mesmo que ela me bata de uma forma agressiva, mas ela é o meu espelho e eu preciso me enxergar por ela, mesmo que eu não seja agradável aos meus próprios olhos, mas é preciso ser cortada pela lâmina da verdade, para que haja separação entre o bem e o mal dentro de mim mesma. Não sei para onde correr, nem sei se devo correr, talvez eu deva correr, porque o tempo é escasso e meus pés se enlaçam ao fracasso, mas ainda há em mim este braço, que veio para me recolher, não posso deixar me perder. A dor são como as ondas, elas vêm e vão, elas sempre retornam, por vezes junto ao vendaval. Eu clamo ao céu por socorro, só sei que, ou me mato ou morro, preciso fenecer todo o pó que há em mim, o qual assombra minha casa, só assim estarei segura e livrar-me-ei de todo o medo que me rodeia.
Por Patrícia Campos