Há vozes ecoando dentro de mim, procuro a quietude para ouvir somente o céu, porque seu som me traz a verdade. Os dias andam tão cinzas, esfumaçados. Estou à espera dos dias quentes para aquecer meu coração. Não procuro sorrisos forçados e nem quero forçar sorrisos, quero a naturalidade da alegria, de sentir-me assim, leve, de poder correr pelo caminho, poder gritar de felicidade, ter a sensação de como é o sentimento de possuir asas, de poder bate-las como se fossem palmas à liberdade. Ser sensível nem sempre é bom, a empatia segue aguçada e você acaba sofrendo, mas ter a sensibilidade do amor é meu desejo, porque amar não é tão simples como pensam que é, tem que se entregar à compreensão, ser compreensível, se colocar por último e ter prazer nisso. Consigo sentir a dor das pessoas, adentro-as sem querer, me permitem, porque suas janelas das almas sempre estão abertas, e através do brilho do olhar penetro suas dores mesmo que eu não queira.
Eu vejo o quanto o inimigo tem poder sobre as almas, e até queria ajudar na libertação de seus corações. Primeiro a mim, penso, primeiro a mim, porque não posso oferecer liberdade sendo presa. Com soslaio interno percorro o caminho que andei, momentos me enfraqueci, momentos me envaideci, sofri e ainda sofro, um sopro e tudo acaba, o tempo esgota, e entre gotas ouço a nota, é sol em si que toca em mim, sem dó, sem ré, preciso prosseguir, emitir o som da vida, que toca suas batidas, rítmicas, por vezes grave, vez em quando aguda, mas sempre suave, porque é arte, que transmuta, que muda e parte, separando o pó do que um dia parte e quero ir junto dando adeus ao que se une ao chão.
Por Patrícia Campos