Pela beira do mundo

Nos olhos do além vi-te, suas asas em constelações, era noite estrelada, um firmamento bailarino, valsava com o oceano, voava como passarinho, o mundo alheio a isso, olhos vazios fitados no chão, o céu dançava com aurora, mas triste encontrava-se o coração. Na beira do mundo, no fim disso tudo, onde ninguém procura vida, vive, florescem novas cores, o céu toca o chão, o mar abraça as nuvens, estrela acolhe girassol, o tempo não corre, não respira, não existe, um segredo que corre por todos os lados, mas todos estão de olhos fechados. Pela beira do mundo quase toco o infinito, mas ainda tenho que passar pelo abismo, ouço a liberdade chamar-me, meus passos se intensificam, mas ainda não posso pular, um deve cair para que outro renasça longe da carne. O sol enlaça cada peito, mas muitos ainda vivem na escuridão, o universo está de braços abertos, espelho reflete azul, mergulhar no que é eterno, pouco se encontra no raso, muito se perde por ser falso, a luz alcança o solo, abrigar-me-ei em seu colo. Pela beira do mundo, no centro da vida, correnteza vazia não carrega sabedoria, se afogam com a ilusão, a verdade tão bela, baila no vácuo, fica solitária pela imensidão, o fim chega, ele há de chegar, mas quando a cachoeira engolir, já não haverá tempo para respirar, e porque quiseram viver como todos, partiram como todos, encontrando a tristeza no olhar, viver assim é viver na cova, só esperando a ampulheta cessar, a grandiosidade dos céus estende as mãos, mas só vive de verdade quem se entregar, sendo na beira do mundo o entoar celeste, aquieta a terra e alcança o céu.

 

Por Luiza Campos

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