Faísca

Às vezes sentimos frio e o céu nos envia uma única gota a qual se assemelha a uma faísca, que pinga no nosso coração, onde esta começa nos aquecer, e quando nos damos conta, nosso coração está em chamas, às vezes em ardor, outras com o calor do amor, o fogo nem sempre só faz queimar, ele também aquece feito cobertor no inverno. Eu preciso aprender muitas coisas ainda, mas muitas coisas mesmo e não tenho vergonha disso, e nem me orgulho por isto, mas de uma coisa eu sei, estou no caminho que transpassa os planos, hora vejo o invisível e hora vejo o que é nítido, mas quando vejo, sempre é transparente, por isto procuro enxergar por meus olhos. Minhas retinas invisíveis engatinham feito criança, mas o pouco que vislumbro me faz sorrir por dentro, porque fui eu que alcancei aquele grão de compreensão. O céu distribui suas gotas nas doses certas e àquele que dispõe a sua tez para receber o que o tempo tem a lhe oferecer se mostrando sensível, se sente aprazível por compreender as águas que purificam.

Devemos aprender a receber o bem, e o mal também, porque àquele que recebe de Deus jamais receberá o mal, porque o que é mal aos olhos tolos é o bem aos olhos sábios, e isto é de difícil compreensão porque o coração sempre se inclina ao que lhe faz mal julgando ser bom. É um ângulo de visão invertido, uma catarata não repleta de águas claras, mas de névoas que cobrem a visão turva. A linguagem simples é distorcida por nós mesmos, dentro do nosso infinito particular, e por sermos infinitos às vezes não nos encontramos, mas temos um ponto de partida e sempre voltamos nele, o propósito da vida, como que se o céu estalasse os dedos e dissesse “você não está aqui por você” e a hipnose se vai, mas quando menos esperamos estamos frios novamente por tomarmos mais uma dose limitada da medíocre rotina e a esperança é que novamente sejamos atingidos por mais uma faísca.

 

Por Patrícia Campos