Em meio a tantas interrogações, a certeza da vida me preenche, como um “porque” silencioso, mas presente, reluz como sol e esclarece toda dúvida, porém como enxergar de olhos fechados? Perder-se é fácil demais, nesta vasta confusão, naufragado cais, quem encontra coração? Deixar de ser muitas bagagens e vir a ser, anjo canta ao longe clamando por uma alma terna, onde se encontra tal sujeito? Paralisia, o que dificulta é sua prisão, escolheu ficar atrás das grades, escolheu todos os dias as lágrimas ao invés de sorrisos, o que dificulta são escolhas e as escolhas são rasas, e determinação para coisa vã, só trazem alianças quebradas. Neste mar sem vida, os olhos já se esqueceram que vivem, boiando no infinito, deserto molhado, tanta água, mas sem conteúdo, e assim morrem de sede. Uma sabedoria esquecida, um tolo cansado, com os céus nas mãos, joga tudo para o alto, os porquês enjaulados, sem respostas e indeterminados, não conheço a razão, nem mesmo o anjo da vida entendeu, bailando na solidão das almas, valsando sozinho de sol a sol, mas aos poucos vai deixando os cacos, até voltar ao seu todo, e deixar só, quem lhe esquecera nos becos. Na verdade, espelho não se espelha, vive pela morte sem perceber, mas quem percebe este conto e não muda, o que poderia fazer? E volto mais uma vez, o que dificulta são as escolhas e os desejos da própria alma, imperou em si mesma, uma rainha sem rei e sem súditos, o peso do pecado lhe ganha mais do que a leveza da paz, e nesta balança desbalanceada vivem os dias, correndo pelas ruas sem um vislumbre de saída.
Por Luiza Campos