Introspecção XIV

Fechei minhas janelas e me abri para um horizonte interno, avistei sua linha e depois dela já não me pertencia, era o abismo que me cabia, um vazio que eu não conhecia, mas sentia. A falta de luz não me deixava refletir o que havia aqui. Refletir sobre si são para poucos, não que todos não possam, mas quem quer? Porque espelhar-se pode escorrer a dor, escancarar o rancor e expandir o temor. É preciso coragem para enfrentar-se, estudar os detalhes para derrubar tudo aquilo que lhe tira a vida. Precisa ser sensível o suficiente para perceber que o pior inimigo é o sentimento pelo que não é concreto, porque uma hora se esvai e deixa a alma só. A introspecção é fundamental para conhecer-se de forma minuciosa, a ponto de se ver com o telescópio invisível, e conseguir enxergar o imperceptível, porque as impurezas da alma são tão insignificantes que por vezes passam sem ser vistas, mas são elas que causam a morte da alma na eternidade, fazendo com que a luz não permaneça, deixando a alma em trevas. A autorreflexão tem sido parte de mim, é uma convidada de honra nesta minha casa, sua visita tem sido necessária, porque quero me purificar, me tornar alma de fato para que esta casa não se encontre vazia, antes, seja habitada pelo espírito santo de Deus, meu corpo eterno. Porque àquele que se faz candeeiro jamais fica sem o óleo da vida, e sua luz não se apaga. Melhor é se guardar de forma introspectiva, se cuidar para a eternidade à que sujar seus pés por tão pouco saindo de forma desvairada não olhando sua casa com amor, porque um dia os ventos vêm e destroem àqueles que não firmam suas casas na rocha eterna, e suas paredes são derrubadas e perdem tudo o que têm de mais precioso, e por falta de se guardarem não se acharão em lugar algum neste universo, mas serão perdidos e esquecidos no espaço Sideral interno onde nunca mais verão a luz por falta de se encontrarem antes que a luz se vai.

 

Por Patrícia Campos

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