Má água, mágoa, magoa, parada lagoa imunda, que suja, que dói. O engano servido em doses são ondas de pensamentos que inundam a alma, um oceano de dor no abissal, inconsciente hadal onde mora o desconsolo no solo profundo, sem dolo, má fé disfarçada em mar, astúcia que corrompe o tolo, a face que se volta ao céu buscando as águas da chuva, a noiva sem o seu véu não toma da água que cura. Onde buscaste suas águas, em qual botija a tens guardado? Em tudo que tens tocado, salga, e ao próprio coração arremessaste dardo, fazendo escorrer o carmesim da morte, deixando um rastro por onde passa, por que brincaste com a sorte se das trevas hoje és cassa? Seus rios só descem, quiçá virem cascatas, o envolto que não fortalece, debilitada tez caricata. Suas águas lhe tatuaram nódoas, derramaram-se sobre sua cabeça uma montoeira de mágoas, esfriando seu peito, lhe dando a sentença, pontilhando seus pés pelo mangue, afundando-o na lama e no caos, tu clamaste pelas águas doces, mas em féu consumiste seus maus. Não se abrigaste em boas águas, àquelas que adoçam a vida, que trazem alegria à alma, que fazem da alma infinda, àquelas que limpam e que curam, te deixam um porto de cais, àquelas que não lhe derrubam e sim te trazem a paz.
Por Patrícia Campos
Tema sugerido por Loir