Verdade em ressonância

A metáfora que canta pelo bico do sabiá nos ensina que a vida ecoa e que através dela a verdade se mostra mesmo não sendo notada. Como a piracema que vai de encontro às águas onde sua força acontece para que a procriação surja, é a vida que sempre está nos ensinando, e a sua verdade ressoa de infinitas maneiras para que ela seja notada, porque mesmo sendo sentida ela fica no anonimato, as almas se tornaram insensíveis e nem mesmo diante a tantas maravilhas conseguem buscar a verdade pelo que ela é, mas cada um busca uma falsa verdade afim de se acomodarem num engano inventado por si mesmos. Àquele que consegue ter a sensibilidade de notar tal grandeza mostra seu olhar de coruja arregalando seus olhos diante tamanha e impressionante sabedoria. A verdade é ressonante, mas somente os ouvidos absolutos conseguem ouvi-la porque sua voz atinge as maiores extensões vocais, ela está presente em cada detalhe. É preciso estar conforme os fatos e a realidade para estar em sintonia com a verdade. Não existem verdades sobre o mesmo fato, apenas uma, e como cada um alega ter a sua verdade? A verdade é um axioma, ela é natural e real e quem quiser estar de acordo com ela busca-a de forma minuciosa para que nada fique oculto e acabe tendo uma visão distorcida sobre ela, porque se isto acontecer não chega de fato a ela. A busca pela autenticidade da própria existência seria o caminho mais natural o qual deveria ser percorrido por cada alma, no entanto, mesmo que esta verdade seja explícita, onde se encontra a consciência que almeja conhecê-la? A verdade em ressonância não parece ser tocada nos corações, é como um vinil esquecido em um porão empoeirado o qual aparentemente nunca será ouvido. Quem dá ouvidos a verdade? Ao ouvi-la emergiria toda a história triste contida na alma, por isto ninguém a toca, e não querem que seu som seja emitido. A boca a ama, mas o coração a rejeita. Mas a verdade é que ela continua sendo ela mesma e jamais deixará de ser.

 

Por Patrícia Campos

Tema sugerido por Luiz