Onde foi que me perdi? Me busquei entre lembranças mortas, foi lá atrás que caí, me feri, e parecia que nunca mais encontraria um lugar para regeneração. Por que fui parar ali? Por que fiz sangrar meus olhos? Parecia uma busca sem fim, e então me afogava em copos boêmios, tentei amenizar minha dor entre fumaças perdidas. As noites eram longas e a lua continuava espelhando a luz do sol, quiçá eu pudesse enxergar que ainda havia uma luz no fim do túnel, mas seria necessário buscá-la e dela me afastava cada vez mais. Onde foi parar meu coração? Quando nos encontraremos de novo? Meu consciente chorava a trajetória irreal a qual eu pisava, e no meu inconsciente eu só queria me encontrar com a paz, mas ela não me desejava. Quem sabe se eu retornasse lá atrás pudesse me encontrar novamente, quem sabe me tivesse de volta, porque não há nada pior do que se perder de si mesmo. Dizem que o tempo é o melhor remédio, mas eu não tinha tempo para o tempo, eu corria contra ele, buscando não sei o quê não sei aonde. Meus pés calejaram, meus olhos caíram e meu coração chorava, minha voz embargava, e minha alma embriagada tentava se refazer de alguma outra forma tentando esquecer todo o meu passado sombrio. Não há outra forma de se refazer se não matar aquilo que foi, porque não tem como voltar um segundo atrás, mas há como estabelecer um novo tempo, um novo sentido, transformar-se, metamorfosear-se, para poder voar para bem longe daquilo que foi um dia e recuperar o coração perdido, ser restaurador de si mesmo. Onde está meu coração? Onde o deixei esquecido? Entre laços e fitas o embrulhei no presente, e agora cabe a mim desatar seus nós, libertando de tudo que me causei, porque não quero deixá-lo aqui, até porque ele nunca ficará, eu preciso ser guardiã do meu coração, entrega-lo em boas mãos, nas mãos de Deus para que ele possa me restaurar da Sua forma, do Seu agrado. Antes ele era só um coração frio, mas a verdade da vida o aqueceu, trazendo-o para perto de mim, deixando com que eu esteja do meu lado. Hoje meu coração se encontra no caminho sóbrio, buscando por sua libertação, não o perderei mais. O remédio não é o tempo, mas é o entendimento, que me trouxe doses de cura, eu sei que ainda me falta muito, mas eu não vou desistir enquanto ainda estiver aqui.

Por Patrícia Campos