Eu quero ser poesia, em suas mais perfeitas singularidades, quero ser maré calma, brisa fresca, arte viva, dos pés a cabeça, descrita em poema, no verso cantado, no solo inspirado, no canto do pássaro, eu quero ser vida, em todas suas formas, quero ser Anjo, Arcanjo, um arranjo, uma música sentida, em rimas construídas, longe da dor e do pranto. Desenhada em aquarela, cores, luzes, enche o peito e transborda pelas brechas das nuvens, quão belo deve ser sentir-se completo, quão incrível deve ser o sentimento de atravessar a linha de chegada? Quero ser aquele que veio, para saber da onde veio, e para onde voltará, quero ser aquele que palpita, que habita, quero ser o Filho que gero, sentir o que sente, amar o que ama, entender o que entende, quero ser a esperança dos céus, o broto da esperança, do amanhã, quero ser muito mais do que sou, de como estou, quero ser asas, borboleta, não lagarta, quero ser e querer é poder quando faz acontecer. Quero tocar as cordas e sentir tocando a alma, poetizar palavras e desenhar a eternidade, quero sentir tanto que o tanto não me caberá, e transbordará, pelos veios e cascatas que escorrem pelas lágrimas. Sabe o que é ter tanto e ao mesmo tempo não ter nada? Quão mesquinho se sente? Enxergar a imensidão, mas abraçar a pequenez, por isso quero ser mais, e quanto mais vejo, mais quero, até transpassar para os passos e parar de querer e começar a fazer. Até entender, que querer também é poder.
Por Luiza Campos