Som da sabedoria

Não tem boca, mas fala, não tem pés, mas faz andar, não tem ouvidos, mas emite som, não tem mãos, mas apalpa as almas, não tem nariz, mas exala sua presença à quem é sensível, assim são os traços da sua aparência, sem forma, mas forma os bons, sem cor colore, pode até trazer vida à quem a ama, à quem lhe acolhe como irmã. O som da sabedoria é assim, como se diz, sem som, sem linguagem ouvem-se a sua voz. Edificadora de casas, arquiteta da morada de Deus, engenheira dos corações, transforma e traz forma até mesmo invisível aos olhos, porque seu som é feito música lírica que traz a poesia cantada em diversos versos internos que são reproduzidos de forma inteligível aos ouvidos absolutos, os quais se fazem alto por se portarem de forma elevada e que na simplicidade se tornam grandes por saberem ouvir e decifrar com sensibilidade aguçada. A sabedoria canta soprano docemente pelos sabiás, e contralto gravemente pelos trovões, porque em tudo há sabedoria e sua voz se manifesta de maneiras distintas, mas sempre se mostra, porque a sabedoria é a arte de ensinar àquele que se põe a aprender, é professora dos simples e aluna de Deus. Por ela os justos conhecem a justiça e aprendem com a lei a serem justos. Se diz que até o tolo é tido por sábio quando se cala, porque para aprender é preciso ouvir, e temos dois ouvidos e uma boca para que possamos dar ouvidos a ela, e que ao abrirmos nossas bocas deixemos com que ela se manifeste por seu som, onde um sábio fala o outro sábio se põe a ouvir e assim somam suas luzes tornando-se um na luz, na luz da sabedoria, não na sabedoria inútil, mas na sabedoria que nos traz a vida em abundância, a nossa vida eterna. Quem é sábio o suficiente para discernir seu som?

 

Por Patrícia Campos

 

Tema sugerido por Kátia