Cristais formaram maré, cintilam o céu em toda sua magnitude, escorrem em igarapé, vivem no solo que cultivara virtude, cristal envolto em sua forma primária, uma joia que ainda não fora lapidada, mas que cintila em cores variadas, e o arco em sua íris unifica-se em vivas promessas. Mesmo que eu encontre esta joia bailando em todo canto, a única valsa que me guia pulsa meu coração, sendo metrônomo e compasso, vivendo na canção e nos instrumentos afinados, arpa conta sua história, e como uma gota de chuva veio dar-me vida, um tesouro esquecido nas tempestades que assombram, e confundido com as riquezas mortas deste tempo vazio. A criança abraça e brinca, mas os ponteiros se encarregam de trazer os tons cinzas, o admirar de tudo que nos rodeia ficou em pequenas telas, preso em informações rasas sobre sentimentos fúteis, acontecimentos fugazes, tragédias iminentes, vidas perdidas, o perigo das ruas, a pobreza do mundo, as doenças inevitáveis, e nada se entende, de nada cuida, pois nada é e daqui nunca será seu. Um dia a dor sentida na pele e os clamores por sua miséria passarão como fumaça, mas sua eternidade pedirá por mais um dele, pois quando a verdadeira riqueza ser gasta com os dias volúveis e não houver mais a joia para ti, terá a metade do infinito em sua verdadeira miséria, sem volta, mas com muito pesar e arrependimentos, não se enriqueceu da vida, não coloriu o azul depois de um dia chuvoso, e deixou que ampulheta levasse a cor, o brilho, a luz. A joia interior vive e sempre viverá, e assim será para quem ser, mas quem escolher o triste caminho da morte, nada poderá fazer, tempo de metamorfosear é presente, e desembrulha quem se entregar.
Por Luiza Campos