Quando eu acordar desta noite eterna, vou me levantar e me despertar para o dia, o dia da vida, o dia da minha luz perpétua, o dia do meu Senhor. A primeira coisa que vou fazer é ir ter com o meu Pai, lhe dar um abraço e dizer: estou aqui meu Pai! Sonhei tantos devaneios, que era escravo numa terra distante, um lugar que não tinha lei, um lugar onde as pessoas nasciam, cresciam e morriam, e não se davam conta da vida. Não tinham idade para morrer, mas simplesmente morriam e deixavam uma lacuna no coração de quem o amava. Ninguém superava a morte, ninguém entendia o porquê dela, mas para superar suas dores, diziam que iriam se encontrar em algum lugar do porvir, e quem ficava, logo se esquecia do morto e só o carregava em suas lembranças.
Mais uma vida que foi ceifada da face da Terra, ninguém entendia, mas tinha que aceitar, pois fazia parte deste lugar, mas eu não aceitei esta condição e fui atrás da solução, descobri o porquê morriam, andavam por um zumbi e já viviam mortos. Tentei avisar alguns deles, mas não deixavam o que morria e esta era a sina de todos os que moravam nesta Terra, e eu acordei com o meu coração apertado, porque gostava de alguns deles, mas como dito foi apenas um sonho e logo me esquecerei dele. Meu Pai me disse: e Eu, apareci também neste seu sonho, meu filho? Sim meu Pai, você era um caminhoneiro nesta Terra, uma profissão que escolhi, por se tratar de um andarilho neste mundo, eu não era ligado nele, mas via que as pessoas eram extremamente ligadas neste mundo, e mesmo sabendo que iriam morrer, não se desligavam dele, como dito, andavam como zumbis pelas ruas e uns atropelavam nos outros, era um tal de um atravessar o caminho do outro, e quando isto acontecia, não tinha jeito, um dos dois caíam.
Ninguém dava as mãos, mas tudo tinha que ter interesse, principalmente entre os homens e as mulheres por causa da coabitação, um sistema de reprodução carnal que provocava muito prazer entre os carnais. Ninguém andava por sabedoria, mas só pelos prazeres carnais, ninguém sentia prazer com a cabeça de cima, mas só com a cabeça de baixo. Eram terrenos e andavam pela matéria, e embora o espírito os vivificavam, ele era desprezado. Uma coisa esquisita, ninguém queria nada com o espírito, e quando o espírito voltava ao céu, eles morriam e sentiam muito isto, mas não se importavam com a fuga do espírito e pensavam que um outro viria buscar-lhes. Acreditavam em tudo, até em pé de coelho, ferradura velha, fitinhas no braço, mas ninguém fazia caso algum do espírito, mas bem, deixa pra lá, foi apenas um sonho louco! Agora acordei e onde paramos mesmo? Ah tá, cadê meus irmãos para lhes dar um abraço também? Quero ver Rebeca, estou com saudades, Abraão, Ester, Rute, Jesus, e por onde Paulo anda? E você Pedro se arrependeu de ter negado o próprio irmão?
Por O teu espírito diz