Se voltar

Me propus a ouvir uma voz a qual desenhou as águas de seus sentidos, por um longo instante me adentrei em suas águas e pude me refrescar em meio a seus cristais. Ela veio de forma necessária, num tom suficiente não só para ser ouvida, mas sentida, um reflexo nítido da vida. Formou suas ondas dentro do meu peito, igual quando se joga uma pedra num rio, fez-me movimentar, fez-me refletir a sensação da sensação, e não parou por aí. A intrigação virou dedo, tanto de acusação quanto de indicação, e este, desde então, ficou voltado a mim. Algo estranhamente agradável porque sei que vem da parte elevada, da parte de quem quer me fazer levitar, fazer me soltar das amarras desta areia movediça. Foi uma breve demonstração do que possa ser quando você se desmembra do efêmero e passa não só a se olhar, mas a querer proteger-se, o verdadeiro cuidado, de se resguardar, de se voltar a justiça para tornar-se implacável, porque àquele que acampa junto aos anjos ouve o som que saem de suas harpas e dançam conforme o tom das partituras divina. Eu quem devo tocar Deus pela sensibilidade, porém, antes disso Ele tocou-me a mim primeiro, por sua dicção farta de amor, por um vocabulário vestido de simplicidade, o qual ouvi, senti e guardei. Me impressiona a didática que Deus usa com cada um que se volta a Ele, porque o seu intento é nos tornar livres e fazer com que a Sua sabedoria seja espelhada pela justiça dentro de cada coração.

 

Por Patrícia Campos

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