As águas puras são fortes e descem feito cachoeira para lavar os corações intensos, os corações que buscam por sua liberdade, que almejam sentir estas mesmas águas de forma límpida, que desejam desvencilhar de qualquer vestígio de impureza, porque realmente querem tornar-se rio calmo, onde o sol se espelha e aquece, onde se reflete a luz que serás por toda a eternidade. Que estas águas caiam sobre mim e que me desnuda de toda dor, porque ninguém está obrigado a sofrer à menos que queira, e dizer que não quer, mas vulcanizar-se àquilo que lhe faz mal é tolice. Só a sensação de liberdade nos traz afago, quanto mais sermos livres de fato, para se libertar é preciso libertar, porque oferecemos o que temos. A hermenêutica da independência não significa que não precisamos de ninguém, mas que não somos presos emocionalmente a nada, que podemos sim vivermos sem qualquer coisa que seja vaidade, ao contrário da vida, que sem ela não temos nada e nada somos. Ao prender-se à vida nos tornamos livres porque ela nos ensina a nos desprender de toda a ilusão. Que nos tornemos emancipados da responsabilidade deste mundo caos, onde temos um fardo pesado e um jugo quase que impossível de carregar, sendo que se nos voltarmos ao nosso interno lá habita um que em silêncio nos mostra o quanto seu fardo é suave e seu jugo é leve, porém, é preciso rever cada detalhe e dar um passo de cada vez, ao ponto que, no momento certo possamos voar para nossa eternidade com um coração livre, de todos os males deste mundo de ilusão.
Por Patrícia Campos