Mais uma vez volto aqui, e percebo que cheira mal, já que os povos se engoliram e se fartaram de carne morta, seus tempos estão esgotados, já lhes dei muita areia para que caia lentamente em suas ganâncias, e paciência já vingou por muito nestes ventres inférteis. Embriagaram com minhas palavras santas, sujando minha fonte, abutres condenáveis, sobrevoando céu, os ponteiros cortarão suas asas e si mesmos darão de comer ao véu. Eu Sou clamou no deserto, quem o pode ouvir? Fartaram-se de minha plantação, ervas daninhas amaldiçoadas, fiz com eles assim como fiz com Sansão, ceguei-os e retirei as espadas, são rebeldes, e não ouvem minha voz, pastaram em campo sem alimento, e sobreviverão de suas aparências, se sustentarão de seus próprios desejos, buscando uma forma para seu ensejo e esta loucura se cumprir.
Israel se cansou de mim, e os judeus fecharam o coração, os mares afogaram a esperança, e meus laços se desuniram nesta confusão, não sou daqui, e agora afirmo com clareza, nada daqui é meu, meus filhos clamam por meu nome, o juízo há de vir, sendo justa e reta minha condenação, tendo em vista que minha palavra vive em cima de meu trono, e minha balança pesa os braços daqueles que não honraram minha porção. Animais infames, quem os pode parar? São notas desafinadas e músicas sem encanto algum, dói meus ouvidos, sacrificam suas penas há mim, quem quer suas migalhas? Um dia estarão ajoelhados aos meus pés e não terão uma graça sequer. Contam os dias como se minha vida não estivesse ali, morrem de fome como se o pão não caísse de seus infinitos, encontro-me neste ermo, em vidraças espalhadas, não carrego desespero, o próprio tempo assolará suas casas. É hora de voltar e deixar o mundo como está, não há voz que salve esta geração, ou tempestade que chame sua atenção, dei-me só e retornarei só, a mim deixarei inconsciente, já que não encontraram forma alguma de derrubar o insignificante pó.
Por Luiza Campos