Onde está o som da vida?

Eu ouvi o choro de uma alma, ela regava o céu e tua dor apunhalava-me como uma espada, nunca senti de tão perto a dor de uma alma como senti nesta noite. Sua aflição passou por minhas veias, seu clamor passou por meus tímpanos como que se ela estivesse lá dentro do meu mais profundo imo, assentada. Como queria poder ajudar, mas primeiramente tenho que ajudar a mim mesma, como queria poder arrancar suas raízes, mas primeiramente tenho que arrancar as minhas. Quero ser sombra para àquele que precisa descansar, primeiro tenho que aprender a ser sombra. Senti-me impotente e triste, que braço sou? Será que sou? Ouvi dizer que somos o que assumimos ser, e eu quero ser a água que cura, quero assumir ser água pura, o refresco aos pés cansados. Não sei por onde começar, mas sei quem sabe, então me inclinei ao céu e falei por meu silêncio, não quero que o som que ecoa em meus lábios sejam apenas sons, quero ser o braço que traz para perto, o ato que dita o verbo. Foi difícil fechar as pálpebras esta noite, as lembranças trouxeram sal à minha alma, não parava de ouvir sobre “onde está o som da vida?” Está aqui, está aqui! Está em ti, está em mim. Não podemos deixa-lo de ouvir. Minha sensibilidade estava ainda mais sensível, como queria que o tempo voltasse, quem sabe eu pudesse ter feito algo, quem sabe? Nunca se sabe! Talvez eu tivesse sido negligente quanto à verdade, ninguém que vê alguém caindo em um abismo cruza os braços e não faz absolutamente nada, como diz uma canção, o amor abre a porta fechada, por que não abri a porta e te puxei pela mão? Quiçá pudesse ter feito algo por teu coração, mas não, parece tudo ter sido em vão.

 

Por Patrícia Campos

 

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