Era uma vez um espelho, na busca do seu próprio lado, seus pés num invisível ensejo que provavelmente lhe deixaria quebrado. Seria amor próprio? Diria que não! Egocentrismo é pedra de tropeço, opróbrio, degradante é tal coração. Passar pelo tempo, sem tempo buscando encontrar o que nunca procurou, sua boca ao relento por qual água se molhou? Umedeceu seus lábios, matou a sede do saber, tornaram a ficar ressecados por desejar desaprender. O que antes era simetria, ficou metade esquecida, a outra metade voltara ser adormecida, aguardando o beijo da metade que lhe deixaria enfraquecida, assim como a bela adormecida. Esperou tanto que se cansou, sua força se esgotou e o tempo não mais voltou.
Sua verdadeira metade te procurou e você estava só, em pensamentos, com a metade que não te encaixou, e pela metade ficou. Um espelho sem simetria, um sorriso sem alegria. Sua outra metade partira não por ter ido embora, mas por falta de amor se dividira. Ninguém quer um amor ao meio, mas sim por inteiro, se o divide é porque não és verdadeiro. Doar-se ao que ama faz do teu amor sua outra metade, Narciso amou a si mesmo, por isto ficou sem sua parte, porque seu amor era pelo pó esvanecido, um amor tão perdido que ao ver seu corpo desfalecido viu que seu amor era sem sentido.
Por Patrícia Campos