Um infinito ao nosso redor, uma ponte que nos liga ao Autor da vida e nós aqui a beira desse oceano. Luz difusa, palavras prolixas, dentro de um redemoinho jogado pelos ventos. Histórias que não voltam mais, o que foi feito, foi feito, e não dá mais para se desfazer. O poder de prever, o poder de evitar, os olhos que alcançam o depois do horizonte. O olhar triste de uma mãe que matou o filho e se arrependeu, mas a vida se foi, não volta mais. Uma só vez o direito de viver, única chance, morreu não volta mais. A minha vida entregue nas mãos de quem, a minha alma se perdeu neste infinito, perdi o tino da vida, agora onde me encontrar mais, este infinito é devasso, depravado, dissoluto, nos joga o tempo todo contra a parede, como as ondas do mar e eu me perdi numa dessas ondas, fui arremessada para longe da costa, onde os meus pés não alcançavam o chão. Me afoguei nos meus desejos carnais, não senti mais o chão da minha alma e fui levada pela força da maré, me encontrei nos braços da morte e as trevas cobriram a minha visão. Quem estava comigo me deixou, perdi a força de Sansão e fui moer farinha para sobreviver, passei por este turbilhão, a minha temperatura subiu e eu fui impelida a um sentimento irresistível. Eu sempre fui alertada de um mundo invisível, mas como os drogados, pensei que pudesse me controlar, mas fui levada pela força dos desejos carnais.
Hoje estou aí, debaixo desses escombros da vergonha, de o até dizer é vergonhoso, antes dependia de mim, hoje não depende mais, estou aí esperando por minha cova. Continuo dentro desse infinito esperando o meu julgamento, não falo mais com autoridade, mas como aqueles que esperam pelo perdão de Deus, pois se não houver perdão pelo meu pecado, vou fazer uma com as trevas eternas. O que será de mim na eternidade? Hoje não tenho mais certeza de nada, não sei se aproveito a vida que ainda me resta, ou a enforco como o Judas. A pior coisa para uma consciência é ela perder a esperança, por isso ainda tenho esperança no meu Senhor, fazer por fazer não é mais o mesmo que fazer esperando acontecer. Uma mulher sem útero, uma terra árida, uma semente sem chão. Como esperar o filho de Deus agora se não estou mais grávida Dele? Como que a minha consciência vai entrar no reino de Deus agora se não pelo espírito de Deus? Será que ela entra lá sendo solteira, só a consciência sem o espírito? Me lancei num terrível buraco negro e não sei mais o que vai acontecer com a minha consciência, estou aí ainda no meio dos vivos, mas não sei mais o que acontecerá comigo depois que morrer.
Por O teu espírito diz