A tristeza ficou triste

Ao anoitecer te vi com a soberba estampada, no peito trazia a borboleta, no coração a má intenção armada, sua defesa era sobre teu enlace sombrio, sua fraqueza em seu imo vazio. Um apontamento pelo próprio desapontamento, não deixando pedras sobre pedras, mas deixando a pedra que lhe fazia refletir a imensidão dos céus. Então dizia: vida que segue! Vida que segue? Não, não seguiu a vida, sem a vida não se segue, sem ela sobra apenas o espelho que nada reflete. Até mesmo a tristeza ficou triste por ver tamanho descalabro, a lua que lhe incide na decadência de um coração amordaçado. Como pôde, se dantes teus pés traziam a lâmpada do que é perene? Seus passos que pareciam se firmar no firmamento, encontraram um atalho para a perdição, ao invés de desvencilhar-se dos sentimentos, vulcanizou o mal em seu coração. E agora? E agora? A luz que habitava em ti foi embora, e as lágrimas que antes molhavam a tez de uma alma amolecida, tornaram-se secas como as terras áridas numa face patética, sem ética, desconexa.

Então suas mãos desesperadas tentam segurar algo que desconhece, nunca passou por este caminho antes, e o pouco que andou se desfez, não se refez, e agora, era uma vez.

Buscou vozes que a acariciavam, sorriu em ouvir o que queria, se fez de desentendida à quem tentou te descobrir os olhos, pior cego é aquele que escolhe não ver, não existe sábio que não queira entender.

É preciso fechar as portas para o sibilar das serpentes, porque seus sons são envolventes, mas elas mentem e só os sensíveis a estas palavras é quem sentem.

Por Patrícia Campos

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