Um temor leve, que alegra a alma, onde o olhar te faz ver seu próprio revés e afoga-te no mar que salga, águas que trazem o gosto da paz, que te fazem sentir o alívio do peso, porque não é necessário carregar a dor por sobre os ombros toda uma vida, basta trocar a lente que no fim pelo amor nem sente, e tudo torna diferente, até mesmo irreverente, faz da alma contente e o rosto sorridente. Um caminho que antes era frio, sombrio e vazio, abre-se uma bifurcação dentro do coração que te leva a afinação feito instrumento de corda, te tirando da corda bamba, porque no fim somente o tolo é quem dança. Toda vez que adentro-me a percepção me consome, vejo a distância que ainda estou de tudo o que o meu coração almeja pela sapiência, as minhas mãos carregam as marcas dos tempos da displicência, num som ambiente que toca a melodia do concerto eterno, onde as notas são percussionadas pelo coração denotando o tom da vida em batidas, isto me faz sentir viva, me faz sentir a vida. Então me envergonho no pó pelas pedras que arremessei, são como bumerangue que sempre retornam à mim. A metáfora se faz viva diante meus olhos para que eu nunca me engrandeça diante meu próximo. Que qualquer vestígio de arrogância seja pisado pela humildade para que de modo algum o mal prevaleça sobre mim. E assim eu sigo, aprendendo e descontruindo toda minha ignorância, derrubando as paredes do vale da morte e edificando todo o amor que possa caber dentro de mim.
Patrícia Campos