Quem somos, no fim, não importa, já que o que somos senão vida se perderá no carmesim das rosas. Quem somos ou deixamos de ser, com orgulho ou arrependimento, não importa, se não saber viver. Muitos laços se criam sem querer, e muitos nós se desatam sem saber, somos estados aprendendo a escolher, escolhas estas que podem ou não vir a corromper. Quem somos? Elo perdido com um ar atônito, se esquece nas ondas de seus olhos, uma imensidão em um pequeno pedaço, um pequeno universo no meio do nada, uma luz esquecida no fim do infinito. Somos o que refletimos ou somos o que reflete? O que seríamos se não nós mesmos? O que fazemos nos define ou são ramos de outra vide? Todos se perdem nas perguntas, e se esquecem de busca-las, deixam as interrogações fecharem o poema, as exclamações em seus temas, e se perdem em algum dia qualquer no meio de tantas cenas. Vida não viva, sem força e sem peso, grita calada buscando alguém que a ouça, vida sozinha, sem par e sem amor, veio buscar a completude de sua sina, mas o que encontrou foi o desprezo e a dor.
E quem somos ou deixamos de ser se perde na rotina que não pode parar, e aquele tempo, sabe? Aquele tempinho que tirou para pensar, neste momento não consegue se encontrar, afogando-se em seus próprios devaneios, se esquecendo da essência, daquela essência que deveria lembrar. Ilusões e Ilusões, um círculo sem fim, a carne não se ausenta do tato, e a visão tem algo para admirar, mesmo que na maioria das vezes está embaçado, e difícil para conseguir enxergar, pelo menos o salgado consegue sentir, e é quente em sua pele, quem consegue se identificar com algo que não vê, não enxerga e não toca? Difícil é fazer entender que um dia tudo cairá, como uma velha construção, e ficará para trás, e o que um dia foi colorido, hoje, já não é nem mais cinza, muito menos preto e branco, é vazio, é frio e sombrio, e aquelas perguntas que tanto se fizera, quem sou e o que sou, agora fazem sentido, já que não era nada, além de uma história mal contada.
Por Luiza Campos