Quando colidi com o teto percebi que o chão me puxara, vi que ele me olhava já acostumado, não escondo minha nudez? Bolhas perdidas no espaço ruem o tom sincero, chovem em meus olhos acordados que se desviam para outro lado. Sinto-me lutando contra o vento e me despedindo da gravidade, os sussurros de algo incerto tomam meu tempo, que tic-taqueia para lá e para cá. A sabedoria não mora no pensamento, voo do passarinho, asas melancólicas, um caminho só. A vida goteja em meus ouvidos e eu peço que torne-se uma a mim, entretanto os devaneios devem se despedir, para que gradualmente a luz do dia possa surgir. Meu senhor, mais um dia canta para entrar, entre agora teu sussurro para ficar, luminescência da manhã raia o tom de seu caminho, traça leme em meu navio e trava guerra em meu coração, puxe-me das nuvens e firme meus pés, sou viajante no tempo e não quero mais esquecer-me nos ponteiros. Um ciclo findável, que carrega sua finitude em uma intriga de gato e rato, quem aceita este ciclo se encontra no centro do furacão, uma hora ampulheta esvanece e o que fez foi cair na escuridão, quem tem mão forte para quebrar esta sina? Vejo que só Tu, Mestre dos mestres, cavaleiro do infinito, luto por sua voz, para que não só goteje, mas viva em mim sobre sua chuva, e viverei em seus lençóis oceanos, mergulharei em seus olhos celestes, e serei suas cordas vocais.
Meu coração pesa, está pesado como se estivesse uma âncora, quando tento voar pesa, e sei que é para meu bem, é vago dizer assim, mas não saberia dizer, entendo as melancolias de meu imo e as lutas de minha mente, é hora de dizer adeus aos antônimos para seguir em frente. Eu preciso de ti, preciso da luz para derrubar a escuridão, preciso da felicidade para esvair a tristeza, da verdade para dissipar a mentira, de sua sapiência para que possa enfim deixar a incompreensão, quero parar de correr de mim mesma e encarar minhas feridas, começar a cura-las sem medo, e descobrir de verdade quem sou, já que Eu Sou disse uma vez, e se posso ser por que não seria? Segure minhas mãos e me faça voar, mas desta vez ao seu lado, com a sabedoria alojada em meu âmago, faça-me transbordar, transbordar-me de ti e de sua eternidade, peço que me regue e venha nascer em seus abraços eternos. Enfim, uma guerra de antônimos bem aqui dentro de mim.