Olhos cerrados, pesados pelas ilusões, um tom imaginário para garantir que consiga terminar seu dia sem enlouquecer no caminho. Suas pernas bambeavam, dopado por suas próprias decepções, seus sonos barulhentos, sem acalento, sem canto, sem aconchego para o coração. Sua cabeça já não aguenta se sustentar e cai nos ombros da irrealidade, enquanto ela acaricia seus cabelos sua mente já adentrara seu mundo, neste mundo onde todos lhe admiram, onde estampa um sorriso verdadeiro no rosto, o qual todos querem ser, sua tez sóbria e seus passos certeiros, seu reflexo lhe dá esperança, orgulho, é o que se passa em sua cabeça, ignorante, é o que sente bem lá no fundo de seu abissal. Não percebendo que adormecera constrói um império em seu novo mundo, e tudo e todos respeitam sua voz e aceitam sua palavra final, entretanto o tic-tac não se esquece de ninguém, e corre atrás de toda ponta solta, tic-tac, disse o tempo, tic-tac, mas seus pés não conseguem encontrar o chão, tic-tac, disse ele, tic-tac, e seu império começa a rachar aos poucos, encontrando brechas na escuridão.
Quão tolo precisa ser para ter que viver em uma bolha de sonhos? Talvez tolo não, mas coitado, rejeitado, por que faz isso consigo mesmo? O único momento que parece haver uma brecha de razão é quando deita sua cabeça nos lençóis noturnos, mas logo o cansaço do dia ilusório cala o feixe de luz. Hipnotizados por seus deleites e usados por seus desejos, ventres adormecidos não geram criança, sendo assim não darão sequência suas histórias e muito menos uma moral digna para suas trajetórias, suas escolhas foram baseadas em insanidades e suas ações foram contra a verdade, desconhecidos por seus próprios olhos, escondem-se de si mesmos e se esquecem em seus leitos, trágico, triste e vazio, almas que não entendem a vida e acham que acolhem o verão quando na verdade seus campos passam frio.
Por Luiza Campos