Seu bolso cheio e seu coração vazio, seu peito leigo passando frio, sua riqueza não ganha aquilo que é de mais valia, seus olhos longínquos que não se encontram na vida. Passos lentos e alma em tristeza, esbanja vaidade e todos cobiçam, não esconde seu reinado, uma perceptível frieza, uma gangorra faminta que engole o precipício, uma montanha sem chão que não encontra um início, e tudo se dá sem guerra e sem valor, tudo se tem pelas migalhas que oferece a dor.
Milionário que mendiga pelas ruas, pedindo uma gota do céu, mas logo se perde em seus devaneios e se esquece que um dia apodrecerá o véu, e toda sua luta terá sido em vão, jogando seus ponteiros para que a sorte os acate, porém, nem ela os quer e deixa para que o azar o abrace, sua tez mascarada e seu sorriso fajuto, sua batalha para o nada e seus pensamentos intrusos, deixando que tudo lhe adentre, mas nada sai de sua escuridão, esquecendo que as ervas daninhas matam toda sua plantação, e quando o pó voltar ao pó e a porção da vida voltar ao seu reino, tudo cairá, e parecerá que nunca houve um tempo de salvação. Um rico sem tesouro, um palhaço sem alegria, nada parará o tempo vindouro, só então cantará a sabedoria, e seus refrãos não costumam libertar, aprisionando pela eternidade suas asas ao chão, e todo seu dito poder não se encontra nesta sina, sendo grandiosa, todavia selada em sua própria imensidão. Pobreza escrita em sua história, sem cor, sem vida, sem felicidade, a temperança não desenha boas-vindas, para quem não se entrega de verdade. Quem compra um segundo de vida? Nada paga um suspiro profundo, todos correm sem freio e sem trilha, deparando-se com um final imundo. Deixo os versos agora se darem sozinhos, já que esta trajetória sempre se repete, rastros trilhados no mesmo caminho, alimentam-se de sonhos, e sacrificando a realidade em suas mentes.
Por Luiza Campos