Trovejou o infinito e trouxe sua fúria, rebelou o oceano juntamente com seu rugir, os céus guerreiam contra o mundo, e o mundo se afogou em suas loucuras. Muito há para enxergar, mas poucos são os que se importam, o tempo não canta para encantar, mas dança levando o que pode levar, sobram os justos que não se deixaram cair, muitos lutos que vem a porvir, olhar para trás calcificam os olhos e desfaz a tez, fortes soldados não se deixam levar como a moinha, firmam seus pés na rocha que lhes é dada, guerreiros celestes, levam as águas, tristes encontram os sentimentos de cipreste, e isto levam consigo, a tristeza de um mundo perdido. Quem poderia ouvir as vozes do céu? Ela estremece e aquece o coração, mas antes derruba e assola com sua tempestade, os fortes passarão, dizem as escrituras, e os fortes passam, pois sei que sua força está na vida pura.
Deixe o céu rugir, e reinar como reina o leão, ser imperador dos lençóis eternos, e autor da arte do coração, deixar que se expresse, e espelhe em suas janelas, transborde em sua chuva e respingue para outros lados, para quem sabe um dia, alguém do outro lado escute o lado de cá, e a semente da esperança brote, mesmo em meio a devassidão mundana, e venha a resplandecer em um novo horizonte, e assim cresce o céu, crescendo pelo infinito, o nada que abriga seu corpo se alegra quando chega novos filhos.
Quem quiser se achegar, que se achegue e baile na tempestade, isto é sinal de que a vida ainda dança na cidade, encha seus rios e transborde seus poços, pois quando secar a fonte e suas mãos estiverem vazias não terá nem mesmo voz para se expressar, e todo medo da chuva se transformará em lástima, pois um dia teve a chance de se purificar e preferiu ficar embaixo do teto que estava prestes a despencar.
Por Luiza Campos